Zalmino Zimmermann em seu Livro Perispírito, no capítulo I Conceito-Natureza nos aponta a etimologia da palavra Perispírito dizendo que - do grego peri, em tomo e do latim spirítus, alma, espírito -, e afirma que “é o envoltório sutil e perene da alma que, possibilita sua interação com os meios espiritual e físico”. No mesmo capítulo o autor informa que “a palavra foi empregada pela primeira vez por KARDEC” e completa seu raciocínio dizendo que “tal denominação baseia-se na forma com que se apresenta esse complexo fluídico, envolvendo a alma”.
Na questão 93 de o Livro dos
Espíritos, Kardec pergunta: “o Espírito propriamente dito vive a descoberto ou,
como pretendem alguns, envolvidos por alguma substância?” E recebe a seguinte
resposta. “O Espírito é envolvido por uma substância que é vaporosa para ti,
mas ainda bastante grosseira para nós; suficientemente vaporosa, entretanto,
para que ele possa elevar-se na atmosfera e transportar-se para onde quiser”.
Portanto, o perispírito para nós é vaporoso. Comentando a questão Kardec nos
diz: “o Espírito propriamente dito é revestido de um envoltório que, (...) se
pode chamar períspirito”.
Em O Livro dos Médiuns, Parte
II - Capítulo I - Item 54 encontra-se a definição das partes que compõem a
estrutura do Ser Humano. Assim, falam os Espíritos, existem “no homem três componentes:
1º) a alma ou Espírito, princípio inteligente em que se encontra o senso moral;
2º) o corpo, invólucro material e grosseiro de que é revestido temporariamente
para o cumprimento de alguns desígnios providenciais; 3º) o perispírito,
invólucro fluídico, semimaterial, que serve de liame entre a alma e o corpo”.
Referindo-se ao Perispíritos, Kardec
nos diz: “este último, embora fluídico, etéreo, vaporoso, invisível, para nós
em seu estado normal, é também material, apesar de não termos, até o presente,
podido captá-lo e submetê-lo à análise” e continua seu esclarecimento afirmando
que, o perispírito “é
o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe, e através do qual
o Espírito transmite a sua vontade ao exterior, agindo sobre os órgãos do corpo”.
Concluindo que o períspírito “é o fio elétrico condutor que serve para a
recepção e a transmissão do pensamento”, e que “o conhecimento do perispírito é a chave de uma
infinidade de problemas até agora inexplicáveis” a ciência humana e, finaliza
dizendo “a alma jamais se separa do seu perispírito”.
André Luiz em psicografia de Waldo
Vieira e Chico Xavier, transcrita no Livro Evolução em Dois Mundos, traz
no prefácio de Emmanuel uma bela reflexão sobre o Perispírito. Vejamos o que
nos diz o mentor de Chico Xavier: “desde tempos remotos, a humanidade reconheceu-lhe
a existência como organismo sutil ou mediador plástico, entre o espírito e o
corpo carnal”. Portanto, o Espiritismo não criou ou apresentou pela primeira
vez, como diz Emmanuel este organismo sutil, apenas o denominou como
Perispírito. Continua o autor espiritual nos dizer: “atingindo a maioridade
moral pelo raciocínio, cabe a nós mesmos aprimorar lhe as manifestações e enriquecer
lhe os atributos, porque todos os nossos sentimentos e pensamentos, palavras e
obras, nele se refletem, gerando consequências felizes ou infelizes, pelas
quais entramos na intimidade da luz ou da sombra, da alegria ou do sofrimento”.
Compreendamos
a responsabilidade que nos pesa estes esclarecimentos deste trabalhador
dedicado da Seara que é o Espírito Emmanuel, visto que, os sentimentos e
pensamentos, tanto quanto, as palavras e ações, se refletem em nosso
perispírito, o conduzindo para as sombras ou para luz. Portanto, a ação
corpórea é alimento para o perispírito. Assim, buscamos na obra Nosso Lar,
capítulo 2, do mesmo autor espiritual citado acima, relatando a sua condição
como Perispírito após o desenlace carnal. “Torturava-me a fome, a sede me escaldava”. A nossa
viciação no alimento é tamanha que, até mesmo longe na matéria densa
necessitamos de alimentar o nosso vício.
Na mesma obra, no
capítulo 18, André nos fala do Amor como Alimento da Alma. Referindo se
a um diálogo entre Lísias e a Sra. Laura em que lhe diz “talvez ainda ignore
que o maior sustentáculo das criaturas é justamente o amor”. E o benfeitor de
André continua os esclarecimentos. “Todo sistema de alimentação, nas variadas
esferas da vida, tem no amor a base profunda. O alimento físico, mesmo aqui,
propriamente considerado, é simples problema de materialidade transitória, como
no caso dos veículos terrestres, necessitados de colaboração da graxa e do
óleo. A alma, em si, apenas se nutre de amor”.
Após algumas consultas a obra
Nosso Lar, votemos, pois, a nossa reflexão sobre a obra Evolução em Dois Mundos,
pois, em seu capítulo 21, trata da Alimentação dos desencarnados –
Perispíritos. Aja visto que André nos diz que a fome lhe torturava e a sede lhe
escaldava. Nos chama a atenção para “não ignorarmos, que desde a experiência
carnal o homem se alimenta muito mais pela respiração”. Aludindo que o alimento
físico é um “recurso complementar de fornecimento plástico e energético, para o
setor das calorias necessárias à massa corpórea”. Portanto, mesmo no corpo o
Perispírito não se alimenta da matéria e sim dos fluidos.
Porém, se “o envoltório físico
na desencarnação, se o psicossoma (Perispírito) está profundamente arraigado às
sensações terrestres, sobrevêm ao Espírito à necessidade inquietante de
prosseguir atrelado ao mundo biológico que lhe é familiar, e, quando não a
supera ao preço do próprio esforço, no auto reajustamento, provoca os fenômenos
da simbiose psíquica (obsessão), que o levam a conviver, temporariamente, no
halo vital daqueles encarnados com os quais se afine”.
Retornando ao Livro dos
Espíritos, na questão 165 Kardec pergunta aos Espíritos. “O
conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração maior ou
menor da perturbação?” - entendemos aqui a perturbação como o desencarne -, e
obtêm a seguinte resposta. “Uma
grande influência, pois o Espírito compreende antecipadamente a sua
situação; mas a prática do bem e a pureza de consciência são o que exerce
maior influência”. Assim, o que mais influencia o Perispírito é a pureza de
consciência e a prática do bem, como a pureza de consciência podemos não
alcançá-la, nos resta à prática do bem.
Na questão 26 do Livro
dos Espíritos, Kardec pergunta. “Pode-se conhecer o espírito sem a matéria e a
matéria sem o espírito?” E os Espíritos respondem. “Pode-se, sem dúvida, pelo
pensamento”. Já na questão 23-a os Espíritos são questionados por Kardec sobre
a natureza íntima do Espírito e a espiritualidade alude à impossibilidade de
nossa linguagem compreender tamanha grandeza e se expressam da seguinte forma,
“não é fácil analisar o espírito na vossa linguagem. Para vós, ele não é nada,
porque não é coisa palpável; mas para nós, é alguma coisa. Ficai sabendo:
nenhuma coisa é o nada e o nada não existe”.
Os Espíritos nos ensinam que
ainda há muito por caminhar na estrada do conhecimento de nós mesmos, visto
que, nem mesmo a nossa linguagem é capaz de descrever o que é o Espírito, mas
nos informam que o caminho para chegar a ele é o pensamento. Assim, aprender a
pensar se faz urgente em nossa vida terrena para que a comunicação corpo mente
(Espírito) se realize com qualidade e fluidez e a evolução seja a nossa meta em
existência tão deplorável que nos encontramos.
Do trabalho frutífero de
Emmanuel e Chico Xavier, também recebemos o Livro Roteiro, que em seu capítulo
6, trata do Períspirito. Destacamos alguns trechos para encerrar esta nossa
pequena reflexão, sobre tão complicado tema de se abordar, pois, como nos
falaram os Espíritos não existem em nossa linguagem as palavras necessárias
para levar-nos a uma compreensão exata do que é o Espírito e também o
Perispírito.
“Tão arrojada é a tentativa de
transmitir informes sobre a questão aos companheiros encarnados, quão difícil
se faria esclarecer à lagarta com respeito ao que será ela depois de vencer a
inércia da crisálida”. Mas, “o perispírito é, ainda, corpo organização que,
representando o molde fundamental da existência para o homem, subsiste, além do
sepulcro, de conformidade com o seu peso específico”.
“Formado por substâncias
químicas (...), é aparelhagem de matéria rarefeita, alterando-se, de acordo com
o padrão vibratório do campo interno. Organismo delicado, extremo poder
plástico, modifica-se sob o comando do pensamento”. É Matéria que vibra em
ressonância ao pensamento.
“Nas mentes primitivas,
ignorantes e ociosas, semelhante vestidura se caracteriza pela feição pastosa,
verdadeira continuação do corpo físico, ainda animalizado ou enfermiço”. Porém,
“o progresso mental é o grande doador de renovação ao equipamento do espírito
em qualquer plano de evolução. O perispírito, quanto à forma somática, obedece
a leis de gravidade, no plano a que se afina”.
O Perispírito se impregna em “nossos
impulsos, emoções, paixões e virtudes que nele se expressam fielmente”. Assim,
se faz necessário que não “se demoraremos nas esferas da luta carnal ou nas
regiões que lhes são fronteiriças, purificando a nossa indumentária e
embelezando-a, a fim de preparar, segundo o ensinamento de Jesus, a nossa veste
nupcial para o banquete do serviço divino”.
Finalizamos
está pequena e incompleta reflexão sobre o Perispírito com a certeza que ainda
é longo o nosso caminho, mas se faz necessário caminhar na Seara do
conhecimento de nós mesmos e o domínio da indumentária do pensamento é a chave
que possuímos para acelerar a velocidade de nossa evolução, aja visto que a
casa do Pai ainda está distante de nossas almas que necessitam da viciação do
alimento material e dos prazeres proporcionados pela carne.
Mas,
sendo nós criaturas de Deus, possuidores da centelha divina que pulsa em nossas
almas renitentes no desejo da reencarnação, inserida nos ciclos viciosos da
matéria, buscando mesmo que inconsciente o retorno as correntes acalentadores
do bem e da paz, para que a justiça se faça ao nosso Espírito na purificação
nas provas da dor, que eleva-nos ao caminho dos mártires e santos que, estão
próximos ao Pai e nos auxiliam com benevolência e caridade paternal na nossa
dura tarefa de evoluir.
Por Valdecir Martins
Fonte: Orientadora das consultas bibliográficas.
Palestra de José Antonio da Cruz, disponível em https://soundcloud.com/redeamigoespirita/o-perispirito-roteiro-n-06,
acessada em 14/03/14.