Este
texto pretende fazer alguns apontamentos em relação à ciência humana e os
ensinamentos dos Espíritos, buscando o entendimento da importância da educação
quanto à religiosidade e o entendimento sobre a estrutura energética que é o sustentáculo
do corpo físico.
Para
Bernstein no “mundo de 1801 nada se movia mais rápido que um cavalo”. Denis nos
afirma em 1908 que, “o vôo do pensamento precede sempre e excede os meios de
ação da ciência positiva”. Ubaldi nos afirma em 1937 que, “o método
experimental nos dá uma impressão de cegueira, que precisamos recorrer ao
tato”.
Em
uma corrente materialista Bernstein nos afirma que, “a falta de um método
cientifico implicava que avanços tecnológicos surgissem...”. Ainda alude que a
sociedade em que vivemos (material), é regida pelas leis que derivam da Lei
Comum Inglesa e/ou da Lei Civil Romana, bem como, afirma que um dos pilares da evolução
é a garantia do direito a propriedade material e intelectual.
Conforme
Denis, “a Ciência é incerta e mutável, renova-se sem cessar. Os seus métodos,
teorias e cálculos...”, sempre “desabam ante uma observação mais atenta ou uma
indução mais profunda, para dar lugar a novas teorias”. Já Ubaldi referindo-se
ao método experimental afirma que, “ignoro-o e avanço por instinto
(intuição/inspiração), por continua registração de totais, sem distrair-me no
particular; alcanço o conhecimento por deduções”.
Para
Bernstein a sociedade só conseguiu amparar e proteger aos seus cidadãos, após a
invenção do telegrafo, do motor a vapor e da garantia da propriedade. Para este
autor, antes de tais invenções o mundo (material) andava na velocidade de um
cavalo, pois, tanto comunicações, como matérias primas e alimentos circulavam
no lombo de tal animal.
Para
Ubaldi o uso do método, a princípio intuitivo e depois dedutivo, é necessário,
como processo sintético e unitário, para contrabalancear o isolamento do saber
humano na especialização e na desorientação, em face das causas primeiras. Para
este autor “a evolução é unificação; e se o tempo é o ritmo de uma evolução
necessária, deve ele trazer necessariamente unificação”. Assim, o método da
intuição é o método unitário e sintético que deve dar um amanhã à ciência e ao
pensamento humano.
Para
Denis “o espírito humano avança passo a passo no conhecimento do ser e do
universo; o nosso saber, quanto à força e à matéria, modifica-se dia a dia; a
individualidade humana revela-se com aspectos inesperados”. Para este autor,
pode-se dizer da ciência, igualmente, dizer das filosofias e das religiões que
se têm sucedido através dos séculos.
Quanto
às concepções de evolução da sociedade de Bernstein, temos a comentar o que
qualquer aluno iniciante na doutrina espirita, o sabe: o homem comum só consegue cuidar de seu próximo após satisfazer os seus
desejos egoísticos da propriedade, bem como, as novas tecnologias estão mais a
serviço da produção de riquezas materiais para alguns, que a serviço evolutivo
da humanidade.
Por
essas razões, as crenças e os conhecimentos de um tempo ou de um meio, parecem
ser para o tempo ou para o meio onde reinam a representação da verdade, tal
qual a podem alcançar e compreender os homens dessa época, até que o
desenvolvimento das suas faculdades e consciências os torne capazes de perceber
uma forma mais elevada, uma radiação mais intensa dessa verdade.
A sabedoria moderna, que
tentou matar essa sensibilidade, descritas aqui nas palavras de Denis e Ubaldi,
não poderá sorrir ceticamente. Pois sim, venceu a principal ideia desenvolvida
pelo profetismo hebreu, num ascensional movimento de evidência e poder, foi à
ideia da centralidade espiritual e da vinda do Salvador do mundo. Assim, a arte
e a fé, a ciência e a ação não passam de diferenciações produzidas pela descida
daquele único princípio.
Portanto, é chegada a hora
em que a mudança da civilização impõe um passo à frente na lenta e progressiva
realização do Reino do Deus na Terra, de que o Evangelho não foi se não o
anúncio; impondo sua atuação individual e a organização social na coletividade
humana, o advento de Cristo à sociedade, a descida do espírito de verdade, de amor,
de justiça às instituições e à vida dos povos.
Relendo Léon Denis, me detive à introdução
que data de Paris, 1908. O autor descreve nestas páginas uma síntese
introdutória as questões afetas a educação dos “homens”, para sair de uma
sociedade negativa, atribui ele, a tarefa de educar ao Espiritismo Cientifico,
ou Espiritualismo, para usar a palavra do autor.
Iniciamos nossa reflexão com a citação de Francisque
Sarcey, que Denis utiliza para afirmar suas premissas. “Estou na Terra. Ignoro
absolutamente como aqui vim ter e como aqui fui lançado. Não ignoro menos como
daqui sairei e o que de mim será quando daqui sair”[1]. Assim, demonstra Denis que o meio
universitário impregnado pelo positivismo, não reconhece a existência de uma
força maior que tudo guia e questiona os destinos do homem.
A proposta reflexiva do livro em questão é
apresentar os princípios da existência humana, o autor, já na introdução
questiona que, na “universidade, assim como na Igreja, a alma moderna não
encontra senão obscuridade e contradição em tudo que diz respeito ao problema
de sua natureza e de seu futuro”. E a ponta que, “aqueles a quem incumbe à alta
missão de esclarecer e guiar a alma humana parece ignorar a sua natureza e os
seus verdadeiros destinos”.
Para Denis, as instituições que deveriam
guiar o homem para o progresso, lhe embutiram no dia a dia do viver cotidiano “o
pessimismo” que, denominou de “a doença moral do nosso tempo”. Afirma que, “a crise
moral e a decadência da nossa época provêm, em grande parte, de se ter o
espírito humano imobilizado durante muito tempo”, pelas instituições que
deveriam libertá-los.
Mais adiante, ressalta o autor que, “o
conflito dos interesses e a luta pela vida tornam-se, dia a dia, mais ásperos”,
no seio de uma sociedade que não sabe para onde caminha e nos apresenta um
principio fundamental que diz: “nenhuma obra humana pode ser grande e duradoura
se não se inspirar, na teoria e na prática, em seus princípios e em suas
explicações, nas leis eternas do universo” e assevera, “somente a ideia é mãe
da ação”, visto que “tudo o que é concebido e edificado fora das leis
superiores se funda na areia e desmorona”.
Já nestas primeiras palavras busca responder
os questionamentos de Sarcey ao dizer-nos que, “a evolução gradual e
progressiva é a lei fundamental da Natureza e da vida. É a razão de ser do
homem, a norma do universo”. Assim, nós homens não escapamos as leis do
universo, e aqui estamos para evoluir, junto e com a natureza e que o principio
desta evolução é individual.
Questionando as ideologias políticas que
apregoa o progresso na coletivização de tudo, nos alerta que, enquanto “se
ignora o homem individual, como se poderia governar o homem social?”. Aludindo
que “a origem de todos os nossos males está em nossa falta de saber e em nossa
inferioridade moral”. E continua dizendo “quaisquer que sejam a forma política
e a legislação de um povo, se ele possui bons costumes e fortes convicções,
será sempre mais feliz e poderoso do que outro povo de moralidade inferior”.
Em outro paragrafo Dinis, nos chama a
refletir sobre a religiosidade, ou como ele diz espiritualismo, pois, “a massa
humana, o povo, sem crenças, sem princípios fixos, está entregue a homens que
lhe exploram as paixões”. Assim, “a humanidade, cansada dos dogmas e das
especulações sem provas, mergulhou no materialismo ou na indiferença”. E afirma
convicto que “a educação do homem deve ser inteiramente refeita”.
Na perspectiva de nos apresentar a Doutrina
dos Espíritos e o Espiritismo com Doutrina Educadora dos Homens para as questões
do Invisível no Além Tumulo, discorre que “não há salvação para o pensamento,
senão por meio de uma doutrina baseada na experiência e no testemunho dos fatos”,
tanto quanto, “a educação, sabe-se, é o mais poderoso fator do progresso, pois
contém em gérmen todo o futuro”. Atribui-se a educação a tarefa de “repor o
Espiritualismo na base” da formação do homem e trabalho árduo “para refazer o
homem interior e a saúde moral”.
Conforme as reflexões iniciais de Dinis “um
tempo se acaba; novos tempos se anunciam. A hora em que estamos é uma hora de
transição e de parto doloroso” e somente um “o observador atento pode verificar
que uma lenta e laboriosa gestação se produz”. Portanto, “pode-se, entretanto,
em nossa época, viver e agir com mais intensidade do que nunca; mas é possível
viver e agir plenamente, sem se ter consciência do fim a atingir?”.
Nesta nossa pequena contribuição reverberamos
tão importante obra da Doutrina dos Espíritos, pois é necessário que se tenha
por convicção que “o universo é regido pela lei da evolução; é isso o que
entendemos pela palavra progresso” e nosso caminho “para o futuro, para a vida
sempre renascente”, transita “pela via imensa que nos abre um Espiritualismo Regenerador”.
Quem nos dita o caminho são as vozes “reveladoras
do túmulo”, visto que elas que já transitaram por estes caminhos ainda obscuros
para nós, “nos trazem uma renovação do pensamento com os segredos do Além, que
o homem tem necessidade de conhecer para melhor viver, melhor agir e melhor
morrer”.
Já é conhecido dos estudiosos que, desde os
primeiros instantes da reencarnação, o perispírito
do reencarnante, passa a servir de suporte ao embrião. Porém, existe outra
estrutura que serve de reservatório de vitalidade, durante a vida física, à
reposição de energias gastas ou perdidas. É o chamado duplo etérico que conserva contingentes de energia vital ou
bioenergia. O duplo etérico que guarda
mais semelhanças com o corpo físico que com o perispírito, assim parece-nos uma
duplicação do corpo físico.
Em verdade, perispírito, duplo etérico e corpo físico se interpenetram dinamicamente, sendo
distinguidos apenas aos olhos de Espíritos Superiores. Cabe deixar bem claro
que o duplo etérico é como que uma
túnica do corpo físico e com a desencarnação está estrutura se desintegra, não
é carregado pelo perispírito no além tumulo. Trata-se de um complexo sistema de
redes de intercomunicação e interação energética, criada pelos centros de força
do perispírito, tornando-se sustentadora da organização somática – corpo
físico.
A proposito, a carga de energia vital contida
no duplo etérico condiciona a maior
ou menor longevidade do ser humano. É esta estrutura que distribui as energias
vitalizantes pelo corpo físico, ele cuida para que as funções vitais permaneçam
equilibradas e o conjunto corporal conserve o equilíbrio harmônico. Portanto, o
duplo etérico tem por função
estabelecer a saúde automaticamente, sem interferência da consciência,
garantindo o pleno equilíbrio entre perispírito e corpo físico.
André Luiz, em psicografia de Chico Xavier –
Nos Domínios da Mediunidade – se referindo ao duplo etérico, afirma que este “é formado por emanações
neuropsíquicas pertencentes ao campo fisiológico, por isso não conseguem maior
afastamento da organização terrestre”. Concluindo nossa pequena reflexão, cabe
destacar que é por meio do duplo etérico
que o perispírito entra em relação com o corpo e o corpo com o mundo e esta
estrutura energética só existe em função da sustentação perispirítica.
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Para melhor compreensão da nossa linha de raciocínio
sugerimos a leitura de outros textos de nossa lavra, tais como, O Homem! Um Ser Espiritual, Perispírito,
Correntes de Pensamento, A Morte! Perda ou Conquista, entre outros publicados em
nosso Blog.
Por Valdecir Martins
Bibliografia:
BERNESTEIN, William
J. Uma breve história da riqueza. 2015
DINIS,
Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor.
LUIZ,
André (Espírito) - Chico Xavier. Nos Domínio da Mediunidade
UBALDI, Pietro. As
Noúres. 1937
ZIMMERMANN,
Zaomino. Perispírito.
[1]
Francisque Sarcey era professor universitário e um célebre crítico literário e
conferencista inspirado e escreveu estes questionamentos no Petit Journal
crônica em 7 de março de 1894.